sábado, 25 de agosto de 2007

Relato de parto, Nascimento da Helena...imenso...senta que lá vem história!

Na verdade, o processo do nascimento da minha Heleninha começou há 3 anos, depois que Otávio nasceu de uma cesárea totalmente desnecessária, que me fez sentir contrariada, mas sem forças pra lutar contra, afinal, o medico “sabia o que estava fazendo”.
Na hora aceitei como se o procedimento foi necessário, mas meses depois descobri a lista da Parto Nosso e vi que sim, eu havia sido enganada.
Quando Tavinho completou 6 meses, surgiu o desejo de ter um segundo filho, e com ele o desejo de ter um PN de cócoras.Fui atrás de informações e li que seria mais seguro esperar a cesárea completar 2 anos.E assim foi.
Quando meu menino completou 2 aninhos, resolvemos que seria melhor esperar mais um pouquinho, mas mal sabíamos nós que a Heleninha já estava a caminho.
Passada a surpresa, tratei logo de retornar as listas, e procurar uma doula.
Conversei com algumas, mas a empatia com a Gisele foi imediata!estava escolhida a minha doula maluquete!
As semanas foram avançando e eu sempre fazendo caminhadas curtas e exercícios pro dia P. Não foi possível fazer yoga como eu tanto queria, mas eu estava confiante de que conseguiria assim mesmo.
Na 35ª semana um susto:contrações muito fortes e longas num domingo pela manha, enquanto eu fazia tarefas domésticas.Foi mesmo um susto! Liguei pra Gisele e nem conseguia falar direito, mas as contrações foram espaçando até pararem por completo.

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Com 37 semanas veio o alarme falso.Passei mais de 24hs com contrações regulares, mas sem muita dor, chegando a estar de 3 em 3 minutos...como não parecia estar evoluindo fomos até o Hospital para verificar:colo macio, mas fechado.Não era o TP.

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Fiquei mesmo arrasada! Me senti a pior das pessoas.Me senti mentirosa, incapaz de distinguir as contrações de BH com as reais contrações. Fiquei muito frustrada e envergonhada.Aí começou a minha fase de chorar as pitangas com as Gi. Coitada.
E as semanas passando...

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Com 40 sem e 5 dias fui fazer um cardiotoco.Recomendação do Dr Bonitão, com quem fazia o pré natal. Lá , ao me ver de frente com um médico, minha pressão subiu, como era de costume.Acabei sendo internada.
Foi nesta noite que presenciei um tp de verdade.E quase que a criança nasce do meu lado!
Fiquei a noite inteira incentivando a moça, pois ela não tinha acompanhante e as enfermeiras não animavam muito, dizendo que a dor só iria piorar, que ainda iria demorar, essas coisas reconfortantes, e eu esperava a enfermeira sair e dizia que ela estava indo bem, que faltava pouco.Todo o tp dessa moça, primigesta demorou 8 horas! Os últimos 3 cm evoluíram em 15 min!
Na manha seguinte, o médico resolveu que eu teria que passar por uma cesárea, afinal, estava com 1cm de dilatação apenas e sem contrações importantes e no dia seguinte completaria 41 semanas.
Eu disse categoricamente que não queria e ele ficou espantado quando eu disse que queria o PN.Ele chamou a outra medica pra tentar me convencer, e ela discorreu longamente sobre o meu bebê já estar “maduro” e sobre não haver mais necessidade de esperar.
Resumo da ópera: Eu disse que não, maridex endossou e fui liberada do hospital que se dizia humanizado...aff! Saí de lá me sentindo muito forte!
A tarde fui numa consulta com a Zeza.Eu não a conhecia direito, e fiquei apaixonada! Que pessoa maravilhosa!
Como 41 semanas e nada? Meu pai e marido começaram e pressionar e eu já estava quase sucumbindo a pressão...Foi aí que a Gisele, sempre ela, conseguiu que a gente fosse conversar com o Ric! Dessa vez quem saiu do consultório apaixonado foi meu pai! O João também ficou mais seguro com as palavras do médico que era meu sonho de consumo pro meu parto.
Na noite do dia 7 de maio tive uma discussão via net com a Gisele e a Letícia.estava muito estressada e nesse dia consegui botar pra fora todos os meus fantasmas, tudo que me incomodava, chorei muito e ainda antes de dormir a Gisele me ligou e conversamos mais um pouco. Fui dormir me sentindo mais leve.

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No dia 8 de maio eu acordei muito bem disposta, e pensei: se esta perto da minha gatinha nascer, eu não vou passar estes últimos momentos arrumando a casa! Vou levar o Tavinho pra passear hoje!
Depois do almoço arrumei o moleque e saímos. Andamos bastante, fomos na pracinha, lanchamos porcaria e nos curtimos bastante.
A tarde quando chegamos em casa eu sentia umas coliquinhas fracas, mas pensei que eram porque estava frio e eu saí de chinelo, pois meus pés estavam inchados demais pra usar outro calçado...ainda comentei com a Gisele quando ela me ligou que eu estava com cólicas de tanto frio...
Naquela noite eu avisei o marido. Hoje faremos todos os hots! É agora ou nunca!
Enquanto ele colocava o Otávio na cama eu tomei um banho bem demorado e quente, depois aqueci uma sopinha e enchi de pimenta , liguei o pc e fiquei de papo com a minha comadre no msn, e contei que estava com a boca ardendo de tanta pimenta que estava comendo.Me despedi e fui me deitar.namorar o maridex, porque eu estava sentindo que não teríamos um momento a sós tão cedo novamente.
Por volta da meia noite a Gisele começa a me chamar no msn e eu fui conversar um pouco,o marido dela estava no pc e ainda perguntou se eu estava fazendo “aquilo”, e eu respondi que estava e chamei ela de chata! Depois que ela me disse que era o marido dela ali...
Conversamos um pouco e eu me despedi avisando:Gi, vai dormir logo que eu vou te chamar ainda de madrugada! Amanha não vou ver o Ric...
Deitei e logo adormeci.
As 3:30h acordei com a bexiga cheia e ainda pensei “puxa, não foi dessa vez”, tomei mais um copo de água(a azia me acompanhou nas 43 semanas de gravidez)e adormeci rapidamente.
As 4:30h acordei novamente com a barriga doendo! Levantei toda torta e fui no banheiro, e comecei a sentir umas cólicas bem doloridas.pensei que eram do frio e voltei pra cama.Mas agora elas não passavam, e eu não conseguia dormir.
“Será que são as contrações? Vou ficar bem quietinha pra ver se passa”
E a dor não passava! E ia aumentando! Eu me concentrava e respirava, tentando não acordar o João.
As 5 ele acordou pois eu me mexia muito e cada cólica...eu pedi o celular dele pra marcar o intervalo.
“-Devem ser as contrações...” eu disse.
Ele foi ver o Tavinho que estava chorando e eu fiquei marcando o intervalo:2min!
Liguei pra Gisele na mesma hora.Quando ela atendeu eu só disse
“-Eu disse que te chamaria!As contrações estão a cada 2 min e doendo!Eu disse que hoje não iria ver o Ric!”
Disse isso em meio a respirações profundas e risadas! Eu estava no meu tão sonhado TP!!!

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Ela disse que as 7h pegaria o ônibus...chegaria aqui entre 9 e 10hs.
Logo depois ligou denovo avisando que estava no metrô pedindo que alguém fosse busca-la na estação de São Leopoldo.E lá foi o maridex.
O João precisava ir até o trabalho dele e foi chamar o meu pai pra ficar comigo, mas ele também precisava sair e eu fiquei quietinha na cama até as 8h, quando meu instinto de Amélia começou a apitar, pois a casa estava bagunçada.Eu não podia receber a Gisele na minha casa naquele estado!
Levantei e comecei a arrumar tudo freneticamente.Lavei a louça, limpei o banheiro, varri a sala...quando o João chegou com a Gisele eu já estava tirando o lixo...rsrsrs!
Nessa ansiedade de arrumar a casa eu ainda não havia tomado café! Convidei a Gi e ficamos conversando na cozinha, até que o Tavinho acordou. Fui atender e ele escutou a voz da Gisele.Eu temia que ele ficasse agitado ao ver a Gisele em casa, mas não...foi logo perguntando por ela e sentou pra ver um desenho, super tranquilo.
A Gi ainda me xingou porque eu queria lavar a louça...
Nesse meio tempo o João chegou em casa também e ficou tomando conta do moleque e nós fomos pro quarto do guri pra fazer uns exercícios pra tentar encaixar melhor a menina, pois a Gi achava que ela não estava bem posicionada.
Fiquei alguns minutos em posição de prece maometana e a Gi deu umas remexidas na minha barriga, pois Heleninha teimava em ficar com as costas pro lado menos favorável e conseguimos reposicionar a menininha.
Depois precisei ir ao mercadinho comprar ingredientes pro almoço e Tavinho resolveu ficar meu grude e foi junto.
Era engraçado como na hora que vinham as contrações eu sentia a minha roupa incrivelmente apertada! Eu dizia pra Gisele que tinha vontade de jogar a minha calça longe!
Maridex fez o almoço e depois decidimos tentar dormir um pouco.
Eu não cheguei a dormir, pois o Tavinho ficou na sala brincando e eu acabei ficando alerta.
As 16hs eu decidi sair da cama e tomar um belo banho.Queria experimentar as contrações debaixo do chuveiro.lembro de estar ligando a água quando veio uma contração:
“Esqueeeenta, vai! Esqueeeenta!”
Não lembro se realmente as contrações ficaram menos dolorosas nessa hora, mas lembro que aquele banho foi delicioso, fiquei cantando e curtindo...
O João saiu com o Otávio pra dar uma volta na rua e eu e Gisele ficamos em casa fazendo alguns exercícios e conversando.E eu tomando muito chá de canela da “tia Gi”.
Era tão estranho...eu havia me preparado a gestação inteira pra ter o parto de cócoras e agora eu não conseguia fica nessa posição.
A tarde foi passando e eu cada vez mais cansada.Fiquei sentada na minha cama a maior parte do tempo, e quando a contração passava, tudo que eu queria era dormir, mas cada vez que eu pensava em me deitar, vinha na minha cabeça a frase “Ninguém deita na cama pra trabalhar” e agüentava mais um pouco.

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Naquela noite fazia muito frio, mas a Gisele insistia pra gente fazer caminhada na rua, pra ajudar no tp. Resolvemos fazer esta caminhada no shopping, que pelo menos era quentinho. Antes de sair, ligamos pra minha comadre Letícia que sempre demonstrou grande desejo de estar presente no meu tp.Ela topou acompanhar aquela longa noite e fomos buscar ela em casa.
Eu já estava ligeiramente desorientada e nos perdemos!A cada contração eu sentia uma enorme pressão na bexiga, eu ficava implorando pra gente chegar logo no shopping pra eu poder usar o banheiro!
Estacionar foi uma comédia, pois a Gi parou o carro tão longe da cancela que não conseguia pegar o cartão.Eu não vi como elas(Gi e Letícia) fizeram pra pegar o tal cartão. Depois que conseguimos uma vaga, eu saí quase correndo do carro, e ao entrar no shopping, vi que teria que atravessar toda a praça de alimentação...e estava cheia de pessoas conhecidas...eu nem pude falar com ninguém...passei correndo!
Como era relaxante estar sentada na privada na hora da contração...rsrsrs! Eu sentia vontade de fazer força, parecia que a contração doía menos...
Depois fomos andar...e a Gisele não me deixou usar a escada rolante! Que tortura descer e subir escadas!
No final das contas não consegui andar no shopping...tinha muita gente conhecida, eu não estava nada confortável.As roupas, o calçado, tudo parecia terrivelmente apertado, eu tinha a sensação de que estavam todos me olhando, era muito desagradável.pedi pra voltarmos.Enquanto subíamos a escada eu tive uma contração monstro que me fez ficar curvada de olhos fechados no meio da escada.As gurias tentavam fazer “parede” pra me esconder, mas era impossível...eu escutei uma pessoa falando com as gurias, e depois soube que era o segurança do shopping perguntando se estava tudo bem.
Mais uma corrida até o banheiro e a senhora da limpeza puxou conversa com as gurias.Perguntava se eu ia ter meu bebê.foi a única pessoa que não vi com expressão preocupada nesse tempo todo fora de casa.
No longo caminho entre o banheiro e o estacionamento, mais algumas contrações e tentativas frustradas de disfarçar.
O engraçado é que depois que passava a contração eu pensava porque eu precisava gemer o soprar.Parecia que nem estava doendo tanto...
Quando chegamos em casa eu finalmente conheci a partolândia.

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Sentei no sofá pra descansar e não conseguia mais manter meus olhos abertos. As contrações iam e vinham e as gurias conversavam e eu não escutava mais nada.Acho que foi nessa hora que a Gisele encheu a bola suíça pra gente ficar no chuveiro.Não deu muito certo, pois eu sentia muito frio...nem o aquecedor estava resolvendo.Voltamos pro quarto e eu acho que fizemos um escalda pés, pois lembro de uma bacia com água dentro do quarto e de eu estar com meias de lã...
A Gi marcou bem o horário que mergulhei na partolândia:21hr do dia 9/05/07.
As gurias e o João passaram a noite se revezando em cuidar de mim e eu revezando entre sentar na bola, na cama.
Eu estava exausta e consegui descansar um pouco ajoelhada na cama e escorada sobre a bola.

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Foi durante a madrugada que comecei a perder o tampão.Primeiro parecia uma grande quantidade de gelatina transparente e depois começaram os sinais de sangue.Passei perdendo tampão a noite inteira, fiz rastros pela casa toda.
Teve um momento em que fizemos uma montanha de travesseiros na cama pra eu me recostar na cama e tentar dormir.
As 6hs da manhã eu acordei e a Gisele estava do meu lado tentando dormir. Quando vinha a contração e eu começava a gemer, ela tentava massagear a minha barriga, mas uma dessas se enganou e começou a massagear o seio...eu só consegui dizer “gi, aí é o meu seio...”
O João levou a letícia pra casa logo cedo, pois o marido dela viajaria. Ela mal pode ficar comigo, pois eu não queria sair do meu quarto e o espaço era pequeno.
Depois que voltou, o João ficou comigo a maior parte do tempo, servindo de apoio pra eu me recostar entre as contrações.Eu já não conseguia sair da bola.

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Era tão estranho, eu que sempre me imaginei muito ativa no meu tp, não sentia a menor vontade de andar pela casa, mal podia manter os olhos abertos.
Estava sem comer desde o almoço, então o João e a Gi ficaram insistindo até eu tomar meio copo de leite.
Pela manha o tp começou a desacelerar, e a gi ficou apreensiva.Ela sabia que havia uma fase de desaceleração, mas estava demais! Ligou pro Ric Jones pra que ele pudesse dar alguma orientação.
Fomos então pro chuveiro na casa do meu pai, que o banheiro é maior e o chuveiro mais potente. Levamos o aquecedor e aí sim senti a diferença.Eu sentia as contrações, mas a dor era realmente muito menor! Eu não queria mais sair de lá.
Meu pai estava muito apreensivo, pois estava muito demorado e ele só me via sentindo dor.Ele não entendia quando eu dizia que estava tudo bem.estava apavorado.
Nessa hora que estava no chuveiro ele chegou e a Gisele foi conversar com ele, pra acalma-lo.
Só saí do banho porque o disjuntor teimava em cair...
Quando entrei em casa o almoço já estava pronto e eu fui tentar comer. Nessa hora a Zeza liga dizendo que viria me ver.Fiquei muito aliviada, pois estávamos combinando que eu iria pro hospital após o almoço, pois as contrações não estavam engrenando com o banho quente...
Tentamos ainda fazer alguns exercícios pra abrir a pelve, agachamentos, mas eu estava muito cansada, não conseguia, e quando vinha a contração, eu mal podia me manter de pé.
A Gi e o João arrumaram a cama pra que eu tentasse descansar antes da Zeza chegar e por telefone marcaram um ponto de encontro com ela pra mostrar o caminho até aqui.
Quando A Zeza chegou, eu estava sentada na cama, recostada numa montanha de travesseiros, tentando descansar.
Logo de chegada o toque:7cm! Lembro da Gisele ter ficado tão feliz que me deu um beijo na testa! Rs.Zeza perguntou se eu aceitava uma massagem, que foi feita a seis mãos!E funcionou pra ajudar as contrações a voltarem! João e eu ficamos juntos uns minutos até o bicho começar a pegar denovo.sei que conversamos, mas realmente não me lembro o que...

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Logo eu saí da cama, porque não dava mais pra ficar deitada. Fui pra sala e recomeçamos o trabalho.Andei, agachei, sentei na bola...ganhei até colinho da Zeza e da Gisele...rsrsrs.era um movimento pra ajudar a abrir a pelve.E funcionou!

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Lembro que a Zeza comentou ter um compromisso as 18hs ,mas acabou ficando comigo até quase 22hs.Agradeço muito a ela por ter nos acompanhado.
Por volta das 17hs novo toque e a bolsa rompeu! O liquido estava límpido e a Zeza até sentiu o cabelinho da Heleninha... Como a gatinha estava bem encaixada, o liquido logo parou de escorrer...eu fiquei na duvida se eu não teria feito xixi, mas o cheiro era diferente...
A Gi contou que ela e a Zeza levaram tapas nas mãos...tinha momentos que eu aceitava o toque delas, tinhas horas que não...
Era muito estranho como quando as contrações passavam, eu não sentia mais nada!
Pude sair de casa como eu queria, com a dilatação já bastante adiantada.Saímos com 8cm de dilatação.Só não fiquei mais em casa porque eu referia muita dor na altura da bexiga , o que estava deixando a todos preocupados.Em algum momento deste mesmo dia eu perguntei pra Gisele se não poderia ser sinal de ruptura uterina, o meu maior medo no tp.
Lembro de receber um elogio antes de sair de casa. A Zeza me abraçando e dizendo que pra uma mulher que estava quase parindo, eu estava muito bem. E nos despedimos.

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O caminho entre a minha casa e o hospital não leva mais que 15min, mas pareceu bem mais naquela hora.O banco do carro é baixo e ficar sentada era terrivelmente incomodo.
Quando chegamos, o João parou o carro bem na entrada e vieram com uma cadeira de rodas...pequena...aff!
Imaginem a cena, uma grávida imensa, de saia, meias de lã, chinelinhos de pantufa e uma manta enrolada na cabeça tentando entrar no hospital, e os seguranças correndo pra trazer uma cadeira de rodas maior.
A Gisele, tão pequena perto de mim, conseguiu me empurrar na cadeira de rodas pra subir a rampa de acesso do hospital...nem sei como conseguiu.
Não sei quanto tempo o dr Carlos levou pra chegar pra me atender. Eu, já prevendo que levaria um “xixi” por ter esperado tanto, deixei as minha carteirinha na bolsa e subi , na esperança que Helena já estivesse coroando e não desse tempo de perguntar nada...
Eu tremia de frio.ou de nervoso, nem sei
Enquanto o medico não chegava a enfermeira quis me fazer ficar deitada na mesa de exame e eu me fazendo de boba.Quando ele chegou, curiosamente a dilatação tinha regredido pra 7cm, e segundo ele, o liquido estava tinto de mecônio.Eu não vi nada...mas estava sem condições de dialogar. A Gisele tentou falar por mim sobre eu não querer episio, mas o medico disse que não poderia deixar de fazer.Eu não conseguia falar nada, a dor estava incrível.
A enfermeira fez a tricotomia pra parto, eu coloquei aquela camisola lindíssima de hospital e fui encaminhada pro monitor fetal. Aí que o bicho pegou!
Primeiro veio uma maluca encher o saco que a Gisele não poderia ficar comigo.Ela veio com uma história de que precisava de um comprovante que ela havia me acompanhado em pelo menos três consultas.Nunca ouvi falar nisso...
A dor aumentou 10X quando fiquei deitada.Eu saí completamente da minha sanidade e não me agüentei...comecei a berrar! A Gisele conta que quando vinha a contração eu berrava que não agüentava mais.Eu não conseguia ficar de lado e na hora da contração vinha aquela vontade absurda de fazer força! Eu tentava não fazer, pois escutava o coração da Helena bater mais fraco.Não sei se era a dor ou escutar o coração dela assim que me fazia ficar mais agoniada.
Fizeram vários toques no tempo em que fiquei no monitor.Uns 6 creio eu.Vinha a enfermeira, a técnica e o medico...
A Gisele tentava fazer eu me virar de lado, mas eu não conseguia mais nem fechar as pernas.Eu estava achando que a Helena iria nascer a qualquer momento!
Na verdade era o colo do útero ficando inchado...
Nessa altura eu já estava desesperada de dor, pedindo pela anestesia...eu sabia que a dilatação estava adiantada e que a anestesia não iria atrapalhar muito,e também se era pra ficar deitada até chegar a dilatação total, eu não iria agüentar.
Veio a auxiliar de enfermagem fazer mais um toque: DILATAÇÃO TOTAL!
Meu coração deu um pulo, eu até quis pular da mesa, mas nem podia me mover.A dor era absurda.
Então veio o Dr fazer um ultimo toque:9cm!
Como assim?
Colo edemaciado(inchado) e bebê dipando... de fato eu escutava a desaceleração do coração dela...
A Gisele conta que durante esse toque veio uma contração daquelas e que ela teve que segurar as minhas mãos, pois eu quase bati no médico!kkkk
O médico observou por uns instantes o monitor fetal e sentenciou.O bebê não vai agüentar esperar o colo desinchar.TEM QUE SER CESAREA.

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Nessa hora, no meio da contração eu só gritei pelo anestesista.
Quando levantei da cama, foi como se num passe de mágica as contrações ficassem fracas...tive ainda duas ou três no curto corredor entre a sala onde eu estava e a sala de cirurgia.
Sentei na mesa e ainda tive que esperar pela anestesista.Esta chegou comentando que havia aplicado anestesia em uma mulher de 200kg, e que minha coluna era horrível, eu pensei em dizer pra ela ficar em tp ativo por 24hr sem dormir pra ver se a coluna dela ficaria muito bonita...ela vinha e reclamava
-Vamos mãe! Te curva que teu nenê ta sofrendo!
-ESPERA QUE TÔ TENDO UMA CONTRAÇÃO AGORA DROGA!
Ela ainda perguntou o meu peso, eu respondi que devia estar pesando 100kg e ela disse que eu devia pesar muito mais...ai que vontade de dar um soco nela e por a culpa na dor que eu estava sentindo...
Quando deitei na mesa de cirurgia, não sentia mais nada das contrações e já perdia a sensibilidade nas pernas também...sentia apenas o medico mexendo na minha barriga...
As enfermeiras vinham e me olhavam, eu sentia o efeito da anestesia, meu corpo todo tremia e eu mal conseguia falar, pois meu rosto tremia também...que sensação horrível...
-Tu não pode ser daqui de Estância velha...onde tu foi arrumar uma DOULA?Que é isso?
Eu respondo entre dentes
-Uma acompanhante de parto.- Não adiantava entrar em detalhes.
E onde tu foi arrumar uma doida dessas? Insistiam, indignadas porque a Gisele se recusava a sair do corredor.
Eu sentia que estavam me sacudindo...e as 22:50h do dia 10/05/2007 eu escutei aquele chorinho lindinho

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-Cadê o meu bebê? Eu quero ver a minha filha!
Logo a enfermeira trouxe minha filhota totalmente rosada, que parou de chorar quando falei com ela...eu estava amarrada, mas encostaram minha gatinha no meu rosto e pude dar um beijinho e sentir como ela era fofinha, quentinha e ainda estava molhada de liquido amniótico...
Eu esperava que ela estivesse esverdeada, pois o medico disse que o liquido estava tinto de mecônio

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Quando a enfermeira voltou, disse que o teste de capurro acusou 41 semanas, como eu e Gisele insistíamos em dizer.mas mesmo assim ela dizia que era uma gestação de 45 semanas...

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A Gatinha chegou medindo 51cm e com 3470g, 1cm menor e 30gr mais gordinha que o irmão, apgar 10/10, mas mesmo assim insitiram que ela estava emagrecida e fizeram teste de glicose na menina a noite toda e durante o dia tb...

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O médico ainda veio e perguntar porque eu havia esperado tanto...respondi que sabia que ela estava bem, que eu estava sentindo ela mexer bastante até o dia que entrei em tp...ele apenas me disse que eu não poderia fazer aquilo denovo, pois agora tinha 2 cesareas e que deveria lembrar que o parto também é um processo de seleção natural...
Depois na sala de recuperação, pude agradecer o apoio da minha doula, que se mostrou mais que profissional, se mostrou amiga e foi muitíssimo importante no meu empoderamento. Segurou minhas barras, chorou comigo,me emprestou ombros e ouvidos e serviu até de psicóloga...

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Não fiquei totalmente entristecida por minha filha ter nascido de uma cirurgia.

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Senti que fiz tudo que pude pra que ela tivesse um nascimento digno, mas que não era pra ser assim.O medico diagnosticou que ela não descia pelo canal de parto porque estava com duas circulares apertadas...eu não duvido, pois a pequena fazia revoluções na ultima semana, mas Gisele e eu observamos que a menina estava mau posicionada...
Agradeço ao meu pai por ter me respeitado, por ter vencido o próprio medo e respeitado o tempo da netinha dele pra vir ao mundo.
Agradeço ao meu marido por ter vencido o próprio medo e também ter me respeitado e aceitado o meu instinto de saber que estava tudo bem
Agradeço minha amiga Letícia por ter ficado ao meu lado e emprestado seus ouvidos e paciencia sempre que precisei
O apoio de todos vocês foi muito importante para o nascimento digno da minha filha.
Não nasceu de parto natural,como eu tanto sonhei desde que eu era uma menina, mas nasceu no próprio tempo.E me proporcionou o meu renascimento.Agora sei que sou capaz.

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